ENTÃO...
Sabe quando algo sufoca,
a dor chega numa angústia seca
e não tem força para escorrer dos olhos?
Sabe quando a realidade bate na cara,
a crueza da existência atinge o âmago
e não há lógica alguma que seja capaz de explicar?
Sabe quando o ser se reconhece humano,
numa dimensão que até então desconhecia
e entre razão e coração, apenas o indizível?
Sabe quando a energia do amor ou do ódio irradia,
mas no fundo está caído, rendido, enfraquecido
e, apesar da maquiagem, é traído pela voz do olhar?
Sabe quando o objetivo é alcançado,
porém a impressão é de que algo foi mutilado
e é vital equalizar as expectativas?
Sabe quando ciência ou sagrado não fazem sentido,
a ponto de não se saber crente ou incrédulo
e a fé vacila ante as mazelas concretas de cada dia?
Sabe quando se julga incapaz, debruçado no tabuleiro,
entretanto considera mover uma última peça
e ao fim é surpreendido com a vitória?
Então...
É assim...
(Imagem: Arquivo pessoal)