Como definir uma metamorfose?
Sou alguém em constante transformação.
Sou muitos eus dentro de um alguém.
‘Não sou. Somos’. Eis o meu cartão.
Juntos, construímos versos, telas e sonhos.
Vim das montanhas de Minas,
da região dos minérios e do aço,
vizinho da Itabira de Drummond,
não muito distante da Divinópolis de Adélia
e a Boa Esperança, de Rubem Alves, fica logo ali.
Na força do aço de Jean Monlevade fui forjado,
em suas bibliotecas fui coruja e rato,
em suas ruas me perdi e nem sempre me encontrei,
em suas esquinas escuras, experimentei paixões,
em seus bares e igrejas, pequei bastante e rezei um pouco.
Dizem que sou poeta, digo que rabisco uns versos.
Me chamam de artista, acho que expresso umas coisas.
Já me chamaram de maluco, quando eu estava sóbrio.
Disseram que eu era sábio, sem desconfiarem da astúcia.
Sou um paradoxo, que abriga algumas certezas.
Faço críticas barulhentas, crio polêmicas e
minha presença pode ser facilmente notada.
Faço silêncio, deixo pra lá e vejo acontecer.
Ficando calado, grito ainda mais alto.
Determinado, sei o que quero e vou à luta.
Queres me conhecer?
Vem aqui perto. Toque, apalpe, deguste.
Sentirás no doce, um toque de acidez.
No salgado, uma ponta de amargo que penetra e seduz.
Com jeito, perceberás a maciez por baixo dessa pedra...
Para uns, tosca.
Para outros, preciosa.
Imagem: Arquivo pessoal do autor