Ao longe os dias se vão,
deixando marcas profundas...
Rastros vigorosos de antigas memórias.
Lembranças de antigos amores,
das músicas nos salões,
das moças e seus vestidos sensuais,
das cartas e bilhetes apaixonados,
do cartão escondido entre as flores,
da serenata na noite fria, dos sonhos,
da amizade, do perdão, do carinho,
do encontro, do romance, da entrega.
Ao longe se vão os tempos
de luta, de sofrimento, de conquistas...
Rastros de experiências acumuladas.
Lembranças das paixões proibidas,
dos amores não correspondidos,
de algum desejo reprimido,
do arrependimento sem perdão,
das oportunidades não aproveitadas,
dos amigos que cedo partiram,
das frustrações pelas derrotas,
dos sonhos não realizados.
Ao longe se vão...
Como o grão na ampulheta,
como a sombra sobre a pedra.
Ao longe se esgota o vigor,
a beleza da juventude,
a ousadia de arriscar,
a coragem de sonhar,
o desejo de amar,
a emoção pra chorar,
a alegria de sorrir,
a vontade de viver.
Bem ao longe...
Quando a ampulheta virar,
quando a sombra encobrir...
De que me valerão
os sonhos, os desejos,
as conquistas ou desilusões,
a coragem e a ousadia,
os bailes, as músicas, as moças,
as cartas, as flores, as noites,
os rastros, as estradas, as experiências,
a sombra e a areia?
Ao longe...
Quando o tempo se for,
quando o dia findar...
Que minha memória se eternize...
No calor das amizades que conquistei,
no amor dos filhos que gerei,
em cada sonho que sonhei,
na verdade dos versos que criei,
na sinceridade com a qual perdoei,
no carinho que nunca neguei,
no sorriso que um dia estampei.